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domingo, 5 de janeiro de 2014

Percebi o tempo e fui pra rua. Mais de duas horas da manhã sentindo sonhos e agonias. Estado de prisão domiciliar. Saio. Tudo deserto. Quando em vez um carro, uma moto passa por mim, desvelando minha solidão urbana, asfáltica. Mas é essa a necessidade: sair, pensar, fumar, andar... Chiliques mundanos atordoam o sono dos que estão em casa; é tarde (ou cedo?!). Passo desapercebido deles, mas observo. Observo também a quentura das paredes das casas dessa cidade: parecem se incluir em cenas oriundas do calor cinematográfico de certos autores. Na outra esquina tem um corpo, não sei se ébrio ou morto, mas bem próximo de dejetos caninos e lixo. Pensei em ligar por socorro àquela pobre manifestação individual, tão rústica, tão frágil, tão esquecida, tão artística... Percebi o medo ao olhar para o alto e me sentir sugado por uma tarrafa de fios elétricos. Morrer preso e eletrocutado... Que horror! Mais honrado seria uma moto me atropelar e eu não agonizar muito. Falta tudo quando falta satisfação. Mas se apoquente não! Todos falam como é bom ser cotidiano...

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

aquele(s) aquela(s) aquilo

antes mesmo que o leite solidificasse
e as guimbas divididas são prazerosas ao se ver restos
de corpos praticantes no chão
pura delícia infernal
malícia de puro transeunte
catástrofe pra quem não vê
sinistro pra quem não sente
vários copos
vários corpos
imensidão de sinais corporais
só disso, daquilo e daquele(a)
ao som de poesias musicadas, das melhores
tudo fica perfeito
o ruim é quando tudo solidifica
tudo é melhor fluindo
tudo é melhor só no flúido
quase tudo é melhor na cama
mas completamente tudo é melhor com um copo cheio
fazendo companhia