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sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Recebi uma carta em um sonho


Um rapaz adequado, cativante, mantinha-se próximo a minha sombra, eu o via, ele dançando nas ruas, nos pátios, nas salas, no amor. Sorria sem importar o depois, o agora, ou o antes. Conquistava amizades, uma amante, um mundo feito pra ele. E eu o acompanhava, passo a passo.

Um, dois, três pisadas adentro de um bar agradável com luzes amarelas e decorações vermelhas, e cada detalhe daquele cômodo foi moldado como o que ele sentia, um piso indiferente, uma mesa de sinuca indiferente, arestas agudas, e sussurros dolorosos de uma boca meiga e um espírito sagaz.

E nasce aquela confusão, que você não nomeia. Talvez perceba que aquele latejar lacerante não é causa, é resultado de não prever, que agarrar a insegurança para si, e cuidar dela como faz o teu estômago sem pedir permissão, seja o correto.

Tua sombra some, teu medo te engole, e você não deixa de ser quem é. Você continua sendo você, sempre. Mas com um ar de contentamento, de controle. Incendiar-se sem sentir, em prol de valores em que acredita é valorizado por tantos, e no fundo é em que acredita. E faz sentido que continue assim.

Afoga-te em sal, cega-te em luz, e sorri na queda, pois tua alma te abraça.