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segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

É bom quando nossa consciência sofre grandes ferimentos, pois isso a torna mais sensível a cada estímulo.

Penso que devemos ler apenas livros que nos ferem, que nos afligem. Se o livro que estamos lendo não nos desperta como um soco no crânio, por que perder tempo lendo-o? Para que ele nos torne felizes, como você diz? Oh Deus, nós seríamos felizes do mesmo modo se esses livros não existissem. Livros que nos fazem felizes poderíamos escrever nós mesmos num piscar de olhos.
Precisamos de livros que nos atinjam como a mais dolorosa desventura, que nos assolem profundamente – como a morte de alguém que amávamos mais do que a nós mesmos –, que nos façam sentir que fomos banidos para o ermo, para longe de qualquer presença humana – como um suicídio.

Um livro deve ser um machado para o mar congelado que há dentro de nós.

Franz Kafka

Talvez por guardar meu pássaro azul só pra mim... talvez

A morte está fumando meus charutos

"sabe como é: estou aqui mais uma vez
bêbado
ouvindo Tchaikovsky
no rádio.
Jesus, eu o ouvi há 47 anos
atrás
quando eu era um escritor que passava fome
e aqui está ele
novamente
e agora faço um pouco de sucesso como
escritor
e a morte está andando
para cima e para baixo
neste quarto
fumando meus charutos
tomando tragos do meu
vinho
enquanto Tchaik toca ininterruptamente
a Pathétique,
tem sido uma jornada e tanto
e qualquer sorte que tive foi
porque rolei o dado
direito:
passei fome pela minha arte, passei fome para
ganhar malditos 5 minutos, 5 horas,
5 dias---
eu só queria
escrever;
fama, dinheiro, não importava:
eu queria escrever
e eles me queriam em uma puncionadeira,
na linha de montagem de uma fábrica
queriam que eu trabalhasse no estoque em uma
loja de departamentos.

bem, diz a morte, enquanto caminha,
eu vou te pegar de qualquer maneira
não importa o que você tenha sido:
escritor, motorista de táxi, cafetão,açougueiro,
pára-quedista, eu vou te
pegar...

tudo bem querida, digo a ela.

nós bebemos juntos agora
enquanto uma da manhã transforma-se em
duas da manhã e
somente ela sabe o
momento, mas eu a
trapaceei: consegui meus
malditos 5 minutos
e muito
mais."

O velho safado de novo.

Confissão

" aguardando a morte
como um gato
que saltará sobre a
cama

sinto tanto pela
minha mulher

ela verá este
corpo
branco
e rígido

chacoalhará uma vez, e
talvez
mais uma vez:

-Hank!

Hank não vai
responder.

não é minha morte que
me preocupa, é minha esposa
deixada com este
monte de
nada.

quero que
ela saiba
entretanto
que todas as noites
dormindo
ao seu lado

mesmo as discussões
inúteis
foram coisas
realmente esplêndidas

e as palavras
difíceis
que sempre tive medo de
dizer
agora podem ser
ditas:

eu te
amo. "

Charles Bukowski

domingo, 23 de janeiro de 2011




"Há uma teoria que diz que se um dia alguém
descobrir exatamente qual é o propósito do
Universo e por que ele está aqui, ele
desaparecerá instantaneamente e será
substituído por algo ainda mais
bizarro e inexplicável.

Há uma outra teoria que diz que isso já aconteceu."
Tu vives em tudo para mim
Tudo faz renascer memórias
Sejam elas cientimente existentes
Ou simplesmente fruto de uma idealização barata
Sou um puta de um masoquista sentimental.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011





Era quase dia 05 e esse sereno abafado e frio chega, a calmaria é plena, as plantas, o ar, as ruas, a luz, fazem uma pausa, e nesse embalo, entro no ritmo. Por alguns momentos busco motivos mais surreais possíveis para isto, mas o racional me deixa na mão, e me trás de volta a este mundo sem graça... Por instantes, pois há algo não fantasioso? São teorias infundadas, nada, nada existe que possamos comprovar o motivo a fundo, sempre há algo a mais, e quem nos garante que este algo à mais não pode significar tudo ? 

E só isso já me é o suficiente para quebrar toda essa barreira ridícula do pensar. E nos permite contemplar.  Observar para algo e simplesmente ver, não busque nada, não seja metódico , só receba aquilo que lhe transmite, não busque uma crítica construtiva. Acredite, ela será destrutiva.
A calmaria é quebrada por um vento gélido, mas aconchegante, por ser familiar.  E as memórias começam a surgir, como quando viajei para o Icaraí e ficamos  eu e meus amigos na praia até o amanhecer, ou em canoa quebrada com meus primos, ou nas cachoeiras de Guaramiranga com pessoas que eu nem conhecia, no condomínio da Joh, quando sentávamos em um batente que, no começo de nosso namoro, batia um vento bem gelado mesmo.

Tenho que ir pra academia, depois faço o resto.

Depois começa a neblina, no momento o que eu senti como o céu chorasse, mas não em um mal sentido, mas como se começasse a descarregar, naquele momento, toda a sua tensão, e quando atingido por aquelas lágrimas, elas, ao escorrer pelas minhas mãos, levasse consigo também todos os meus problemas e preocupações. Até que eu gerasse outro (porra, por que somos tão neuróticos? Somos viciados em problemas!). Eu sei, e você também sabe, que não são todas as pessoas que desenvolvem essa sensibilidade, digo, sei que vou conquistar muitas coisas na minha vida, eu sei que posso achar também felicidade em coisas simples, e eu agradeço isto, mas, será que vou ficar estagnado neste estado ? Essa visão será a mesma? Gostava quando eu era mais novo, e todos os dias, todos os momentos eu poderia ser uma pessoa diferente. Tédio. Que descontentamento... e eu sei que sim, provavelmente vai continuar assim.

Quando trovões fortes ressoam como se questionasse esse pensamento, e gotas batem forte sobre minha pele, transmitindo uma mensagem simples e clara: “Seu ridículo !!!”


E eu sorrio.

sábado, 1 de janeiro de 2011

Robot Boys


Robot Boys é o nome da dupla Nick e Jeppe, dois atores e dançarinos dinamarqueses que desenvolvem um trabalho lindo mesmo, e bem divertido.

Eles foram descobertos em 2008, em um concurso de novos talentos, e venceram, merecidamente.